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#005 [ MUTA | I | 99% | Juventude, Quiabo]

For English version, scroll down or click here.

Olá,

Esta é nossa Newsletter 005 onde divulgamos nossos últimos lançamentos:

[SR#082] MUTA, por Gabriela Mureb, Luisa Lemgruber e Sanannda Acácia.
[SR#081] I do Duo Mutual.
[SR#080] 99% de Vitor Çó.
[SR#077] A juventude do Rio de Janeiro respira por aparelhos ruidosos de Feliz FM, Nome Morto & J.-P. Caron.

E o videoclip:
Operação Quiabo, do [SR#066], álbum solo de Henrique Iwao,Verãozão, lançado em novembro de 2019.


MUTA [SR#082] é o nosso segundo lançamento em vídeo.

“Processos sonoros como atos de uma liturgia maquínica.”

MUTA é um projeto formado em 2017 — desenvolvido por Gabriela Mureb, Luisa Lemgruber e Sanannda Acácia. O vídeo e o som foram compostos e editados remotamente em 2020.


Em 28 de Setembro, Seminal records lançou I [SR#081], do duo mutual.

https://seminalrecords.bandcamp.com/album/i

Apesar de existir desde 2012 e ter feito algumas dezenas de apresentações (em duo e diversas vezes com outros músicos convidados) o duo mutual apresenta aqui o seu primeiro álbum. Ele contém gravações (que ficaram guardadas durante alguns anos) feitas em uma única noite num estúdio em São Paulo, sem edições nas faixas. Energia, variedade, diálogos entre gêneros e práticas musicais diversas, caos e disciplina.

O duo mutual foi formado em 2012 por Marcio Gibson (bateria) e Mário Del Nunzio (guitarra). A atuação do duo se dá num território experimental, pautado pela criação em tempo real; sua música mescla buscas timbrísticas elaboradas e construções estruturalmente complexas, provenientes da atenção dos dois músicos ao cenário da música contemporânea de concerto, a um tipo de energia e vigor na execução instrumental, típicos de certas manifestações de free jazz e rock.


99%

https://seminalrecords.bandcamp.com/album/99

Compositor: Vitor Çó
Arte da Capa: Rafa Diniz
Seminal Records [SR#081]

Este álbum contém:

5,927% de Ruído Quase Branco [1min e 38,533s]

13,368% de Ondas Sonoras ____ [3min e 42,222s]

80,703% de Silêncio _________ [22min e 21,467s]

Duração total de 27min e 42,222s

Vitor Çó sobre 99%:

99% é o meu primeiro álbum lançado pela Seminal Records e o meu segundo álbum solo oficialmente lançado. O álbum foi baseado na ideia de compor a partir de parâmetros de proporções entre saturação sonora e silêncio, os títulos das faixas (pares) representam suas proporções de silêncio e o título das faixas impares representa a frequência e a duração do som tocado na faixa. A ideia deste álbum surgiu quando eu estava na praia, andando na parte da areia seca bem perto do mar, avistei uma onda chegando na margem e entrando em um buraco de areia que ainda estava seca. O buraco não havia sido preenchido totalmente pela água do mar, entraram apenas algumas gotas. Quando cheguei perto do buraco, vi que sua areia estava quase seca. Fiquei imaginando como representar isto através da música: Um recipiente vazio com apenas 1% de som. Então resolvi compor a música 99% utilizando 1,2 segundos de ruído branco, distribuídos ao longo de uma faixa de 2 minutos de duração de forma que esta faixa soasse do início ao fim. Após a criação desta faixa comecei a explorar outras quantidades cada vez menores de som, criando as faixas 99,9%; 99,99%; 99,999% e etc”. As faixas intermediárias (impares) representariam um sinal de início e termino da escuta de um destes recipientes. Esta ideia também me remeteria aos modelos atômicos que são compostos predominantemente de espaços vazios e uma pequena parte de matéria.

A capa do álbum foi criada pelo artista cearense Rafa Diniz baseada neste conceito: A imagem é composta por cubos pretos que preenchem 1% de um espaço em branco tridimensional. Quando escolhi Rafa Diniz para fazer a capa, sabia que atenderia a ideia da proposta, o artista trabalha com imagens baseadas em códigos computacionais, explorando a relação entre forma e som em seus trabalhos gráficos, audiovisuais e composicionais.


[SR#077] A juventude do Rio de Janeiro respira por aparelhos ruidosos de Feliz FM, Nome Morto & J.-P. Caron.

https://seminalrecords.bandcamp.com/album/a-juventude-do-rio-de-janeiro-respira-por-aparelhos-ruidosos

Segue abaixo um texto de J.-P. Caron sobre o projeto.


“fugir do centro no próprio centro

e habitar a condenação dos prédios dançando em espasmos

resistir somente contra a própria morte quando muito

e lamentar passivamente o terrorismo dos aparelhos”
(Nome Morto)


A juventude do Rio de Janeiro respira por aparelhos ruidosos é um álbum 3-way reunindo os projetos Feliz FM (Sanannda Acácia + Bernardo Girauta), Nome Morto (Cássia Siqueira) e J.-P. Caron. O título vem de um poema de Cássia Siqueira lido na sua faixa, de onde sai a citação em epígrafe. Apesar de em alguma medida auto-explicativo, vale mencionar alguns contextos que pautam o título e os conceitos do álbum. Entre os anos de 2017 e 2019 o Rio de Janeiro abrigou uma multiplicação de espaços de música underground. Entre estes podemos contar a sobrevivência da veterana Audio Rebel, e do Escritório, aos quais se juntaram o Aparelho, o Fosso, a Desvio, o Nix, o Grindhouse no Estúdio Forum, as atividades do selo Música Insólita, entre outros espaços que foram ou fechados ou tiveram seu funcionamento radicalmente limitado pela pandemia do Covid-19 a partir de 2020.

As pecas que compõem o disco, sem refletir diretamente sobre este estado de coisas, foram gravadas em Outubro de 2019, no Estúdio Mata em Niterói, em um dos muitos eventos de noise e rock experimental que agitavam as duas cidades naquele momento. A gravação reflete a espontaneidade com que foram registrados os três shows, que aqui se tornaram num testemunho daquele arco criativo, carregando os estigmas expressos no título, que já então compunha o poema que era lido na faixa de Nome Morto.

A leitura dos títulos das faixas individuais remete a aspectos diversos desse universo pré-pandêmico e intra-pandêmico, desembocando na lenta descida do final de “Esta máquina é borracha e metal ela se ajusta ao seu corpo e você morre lentamente”- verso de Leonard Cohen de um poema que expressa seu desejo personalizado a um certo alter de natureza política repressora a quem se dirige o poema. Entre o silêncio de Deus a Cleidinir e a descida ao desaparecimento assistido por aparelhos (de Estado), o disco conta uma história em coágulos de sangue e borrões.

J.-P. Caron


Operação Quiabo, é uma das faixas do álbum solo de Henrique Iwao, Verãozão, gravado durante a residência artística homônima, RSJ (Residências São João), janeiro de 2018 e lançado em novembro de 2019 pela Seminal Records, [SR#066].

dia 6: a história do quiabo

rima com rabo, diabo. é internamente pentagonal. lavado, usamos papel toalha para secar, como se estivesse acabado de sair do banho. a água atrapalharia na hora do óleo e também multiplicaria a baba, o que não é desejável. cortando em rodelas, a cabeça e o rabo (do quiabo) vão fora. os duros também. não deve haver força, quando do corte (vamos comparando). como ele assenta / murcha, rodelamos muitos. duas bacias: uma grande pilha. na panela, alho macetado, óleo, fogo baixo e dourando, tacamos o nabo, quer dizer, não (mas sim o quiabo sem rabo, diachos de diabo). deixa e mexe, alternado até gosmar. a baba, verifcamos com a colher de pau. mergulha-se a madeira nos quiabinhos e puxa-se acima, observando a qualidade dos fios do fluido preso (ou, inversamente, a qualidade do fluido dos fios). pouco antes de cozinhar (evitar que grude na panela, no fundo), acrescentar água pra criar caldo. o caldinho não é babado (só um pouco). o quiabo, foi dito, murcha. fica de cor verde vivaz. sal e salsinha são bem vindos. créditos todos (da receita – da parte objetiva desta) à almossandra.


ENG

Hello,

Welcome to our Newsletter 005.

In this one we share our releases:

[SR#082] MUTA, by Gabriela Mureb, Luisa Lemgruber e Sanannda Acácia.
[SR#081] I do Duo Mutual.
[SR#080] 99% de Vitor Çó.
[SR#077] A juventude do Rio de Janeiro respira por aparelhos ruidosos by Feliz FM, Nome Morto & J.-P. Caron.

As well as the videoclip of:
Operation Okra, from [SR#066], Henrique Iwao‘s solo album, Verãozão, released in November 2019.


MUTA [SR#082] is our second video release.

“Sound processes as acts of a machinic liturgy.”

MUTA is an art project created in 2017 — developed by Gabriela Mureb, Luisa Lemgruber e Sanannda Acácia.

The video and sound were composed and edited remotely in 2020


[SR#081], I,  Duo Mutual.
https://seminalrecords.bandcamp.com/album/i

Existing since 2012 and having made a few dozen performances (as a duo and several times with other guest musicians), Duo Mutual  presents their first album. It contains recordings (that have been kept for a few years) made in a single night in a studio in São Paulo, without editing the tracks. Energy, variety, dialogues between different musical genres and practices, chaos and discipline.

Duo Mutual was formed in 2012 by Marcio Gibson (drums) and Mário Del Nunzio (guitar). The duo’s performance takes place in an experimental territory, guided by real-time creation; their music mixes elaborate timbral searches and complex structural constructions, resulting from the attention of the two musicians to the contemporary music concert scene, to a kind of energy and vigor in instrumental performance, typical of certain manifestations of free jazz and rock.


99%

This album contains:
5,927% White Noise [1min and 38,533s]
13,368% Soundwaves ____ [3min and 42,222s]
80,703% Silence _________ [22min and 21,467s]

Total duration of 27min and 42,222s
Composer: Vitor Çó
Cover art: Rafa Diniz

Vitor Çó:

99% is my first album released by Seminal Records and my second solo album officially released. The album was based on the idea of composing from parameters of proportions between sound saturation and silence, the titles of the even tracks represent their proportions of silence and the title of the odd tracks represent the frequency and duration of the sound played on the track.

The idea for this album came when I was at the beach, walking on the dry sandy part very close to the sea, I saw a wave coming in on the shore and entering a hole in the sand that was still dry. The hole had not been completely filled by seawater, only a few drops had entered. When I got close to the hole, I saw that the sand in the hole was almost dry. I wondered how to represent this through music: An empty container with only 1% sound. So I decided to compose the 99% song using 1.2 seconds of white noise, distributed over a 2 minute long track so that this track would sound from beginning to end. After creating this track I started to explore other smaller and smaller amounts of sound, creating the tracks 99.9%; 99.99%; 99.999% and so on. The intermediate (odd) tracks would represent a signal to begin and end listening to one of these containers. This idea would also remind me of the atomic models that are composed predominantly of empty spaces and a small part of matter.


The album cover was created the artist Rafa Diniz based on this concept: The image is composed of black cubes that fill 1% of a three-dimensional blank space. When I chose Rafa Diniz to make the cover, I knew it would fit the idea of the proposal. The artist works with images based on computer codes, exploring the relationship between form and sound in his graphic, audiovisual and compositional works.

Vitor Çó is master and bachelor in music composition, graduated at UFPB, under the guidance of Valério Fiel da Costa. Producer of the label Fictício.  Participates as a member of Artesanato Furioso, was a member of the group Trio Pó de Serra and participated with group Whyppaterns_. Participated in the events BH Noise (2015) and QI116 (2018) organized by Seminal Records.
Vitor Çó seeks not to establish any kind of border or genre for his musical practice, his poetics has a procedural bias, that is, instead of seeking a type of sound as a motto for creation, the composer seeks the operation or the “way of doing” as the main motto and identity of his work. Each piece says something about a different musical making.


[SR#077] A juventude do Rio de Janeiro respira por aparelhos ruidosos by Feliz FM, Nome Morto & J.-P. Caron.

https://seminalrecords.bandcamp.com/album/a-juventude-do-rio-de-janeiro-respira-por-aparelhos-ruidosos

Below is a text by J.-P. Caron about the project.


“escape from the centre within the centre
and inhabit the condemnation of buildings dancing in spasms
at best resisting death itself
and passively deplore the terrorism of appliances”
(Nome Morto)


The youth of Rio de Janeiro breathes through noisy equipment is a 3-way split album bringing together the projects Feliz FM (Sanannda Acácia + Bernardo Girauta), Nome Morto (Cássia Siqueira) and J.-P. Caron. The title comes from a poem by Cássia Siqueira that is recorded in her track, from which the above quotation was extracted. Although to some extent self-explanatory, it is worth mentioning some contexts that guide the album’s title and concepts. Between 2017 and 2019, the city of Rio de Janeiro hosted a multiplication of underground music spaces. Among these we can count the survival of the veteran Audio Rebel, and of the Escritório, which were joined by Aparelho, Fosso, Desvio, Nix, the Grindhouse events at the Forum Studio, the activities of the Música Insólita label, among other spaces that were either closed or had their operation radically limited by the Covid-19 pandemic from 2020 on.

The pieces that make up the album, without directly reflecting on this state of affairs, since they were immersed in it, were recorded in October 2019, at Estúdio Mata in Niterói, in one of the many noise and experimental rock events that shook the two cities at that time. The recording reflects the spontaneity with which the three shows were registered, which here became a testament to that creative arc, carrying the stigmas expressed in the title, which was already part of the poem that was read in the Nome Morto track.

Reading the titles of the individual tracks one is referred to different aspects of this pre-pandemic and intra-pandemic universe, leading to the slow descent at the end of “This machine is rubber and metal it adjusts to your body and you die slowly” – a verse by Leonard Cohen that is in a poem that expresses his personalized desire against a certain alter of a repressive political nature to whom the poem is addressed. Between the silence of God to Cleidinir and the descent into disappearance assisted by (State) apparatuses, the album tells a story in blood clots and blurs.

J.-P. Caron


Operation Okra is one of the tracks from Henrique Iwao‘s solo album, Verãozão, recorded during the artist residency at RSJ (Residências São João), January 2018.
Released in November 2019 by Seminal Records, [SR#066].

day 6: the story of the okra

in portuguese, rhymes with tail and devil. it is internally pentagonal. washed, papel towels are used in order to dry it, as if they had just showered. the water would interfere with the oil and also multiply the drool, which is not desirable. cutting into slices, the head and tail (of the okra) are discarded. the hard ones too. there should be no force when cutting (let’s compare them). as it will wither, we round many. two bowls: one big pile. in the pan, maceted garlic, oil, low heat and browning, we dip the snail, that is, no (but instead the okra without-tail, what the devil’s!). leave it or stirs it, alternating until it goes goo. the drool, we check with a wooden spoon. the wood is dipped in the okra and pulled up, observing the quality of the strands of the glued fluid (or, conversely, the quality of the fluid in the strands). just before cooking (avoid it sticking to the bottom of the pan), add water to create broth. the broth is not frilly (just a little). the okra, it was said, withers. turns vivid green. salt and parsley are welcome. credits all (for the recipe – the objective part of this) to almossandra.